domingo, 3 de outubro de 2010

Bar...

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Entro no bar e todos me olham como se fosse um estranho, e eu sou, olho aquelas banquetas enfileiradas pelo balção vazio, atrás dele o garçom, sozinho, me olhando como se me esperasse há uma hora, cara carrancuda, palito sendo mascado como um chiclete, um pano de prato no ombro direito, e um copo vazio na mão. Ele me pergunta o que eu quero beber, olho para um lado e para o outro, vejo uma mesa no canto escuro onde quatro homens sentados me observam, calados. Peço uma garrafa de scoth, puro. Ele põe a garrafa na mesa e me serve uma dose num copo curto e largo como é de praxe, mas não sinto o cheiro de carvalho que deveria exalar daquela bebida, só consigo sentir um cheiro doce e aveludado de sândalo. Pensei comigo mesmo, "o que há de errado?" do outro lado do bar, vejo numa mesa suja e vazia uma mulher, vestida de preto, com um chapéu que encobria seu rosto. Aquele cheiro, só podia vir daquela mulher, ela era a única criatura capaz de emanar um cheiro tão agradável naquele lugar frio, fétido e escuro. Chego perto, a essa altura já tinha tomado dois goles de wshisk sem perceber que era falsificado, passei defronte a mesa e ela levantou cuidadosamente seu chapéu, os homens no canto escuro levantaram. Parei por alguns segundos analisando sua beleza. A mulher me sorriu. Eu tremi, retribuí e fui embora. Ainda não consigo distinguir o que foi pior, trazer o whisky falso ou deixar o sorriso verdadeiro.

Tiago Sousa

2 comentários:

  1. Sair por ai, bar em bar, bar em bar

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  2. Nossa... Por um momento me senti dentros de um daqueles bares do velho oeste, lá nos anos 60... fiquei imaginando a mulher. Vestido preto, cabelinho enroladinho, por baixo do chapéu, batom vermelho, olhos pintados...

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