quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ontologia Papagaiana

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O que é o ser? Eu não sei, só sei o que é ontologia, sei o que são essas concepções ontológicas que o curso de filosofia faz com que eu me aproprie e me sujeite. Nasci num mundo com uma orientação cultural marcada pelo determinado, pelo absoluto, vivemos num ad autoridade permanente. Não me dão espaço para pensar, só posso repetir o que já foi pensado. Pensar dentro da universidade é ignorância e rebeldia diante do já estabelecido. Mas com todo meu respeito a todos os nossos nobres e grandes filósofos, e em especial aos professores dessa casa: os senhores só conseguiram potencializar um esforço de compreensão, nada mais, e isso não tem me satisfeito nesses quatro anos de faculdade. Aquela admiração que segundo Aristóteles fez com que os homens começassem a filosofar, não existe no ambiente acadêmico, quando ela aparece, é como um espasmo e logo é contida, talvez porque somos conduzidos pela tradição a sermos sempre produto, nunca produtores, e ainda acreditamos que estamos numa busca constante por um critério absoluto de verdade, de ser. Todos esses bonitos sistemas ontológicos que aprendemos aqui dentro, não nos permitem ir além, o curso de filosofia desta universidade não forma filósofos, forma pessoas versadas em filosofia. Ruminamos o pensamento alheio sem absorver os nutrientes essenciais, ruminamos apenas por necessidade acadêmica e curricular. Estamos absolutamente proibidos de argumentar contra a baboseira do cogito cartesiano, ou a insanidade do mundo das idéias platônicas. Nossos professores formam excelentes papagaios. Mas acredito que a culpa não é dos nossos bons ou maus professores (e temos exemplos dos dois tipos), afinal de contas eles também são papagaios, a diferença é o pedaço de papel que comprova que eles decoraram mais frases e voaram um pouco mais longe para repetir as frases que lhes foram ensinadas e que serão, por sua vez, repetidas para nós, papagaios não iniciantes. Já que não posso e não sou capaz de fazer filosofia, me dou o prazer de usar a liberdade da literatura para cunhar um termo para os alunos de filosofia dessa universidade, somos o ser-papagaiano. Somos a repetição de conceitos, plagiadores universais, respaldados por papagaios doutorados que nos orientam a cerca das fonéticas de repetição, para não errarmos quanto as vírgulas dos que pensaram antes de nós.

Um comentário:

  1. Estado, chamo eu, o lugar onde todos, bons ou malvados, são bebedores de veneno; Estado, o lugar onde todos, bons ou malvados, se perdem a si mesmos; Estado, o lugar onde o lento suicídio de todos chama-se – “vida”!
    Olhai esses supérfluos! Roubam para si as obras dos inventores e os tesouros dos sábios; “culturas” chamam a seus furtos – e tudo se torna, neles, em doença e adversidade!
    Olhai esses supérfluos! Estão sempre enfermos, vomitam fel e lhe chamam “jornal”. Devoram-se uns aos outros e não podem, sequer digerir-se.
    Olhai esses supérfluos! Adquirem riquezas e, com elas, tornam-se mais pobres. Querem o poder e, para começar, a alavanca do poder, muito dinheiro – esses indigentes!
    Olhai como sobem trepando, esses ágeis macacos! Sobem trepando uns por cima dos outros e atirando-se mutuamente, assim no lodo e no abismo.
    Ao trono, querem todos, subir: é essa a sua loucura. Como se no trono estivesse sentada a felicidade! Muitas vezes, é o lodo que está no trono e, muitas vezes, também o trono no lodo.
    Dementes, são todos eles, para mim, e macacos sobre excitados. Mau cheiro exala o seu ídolo, o monstro frio; mau cheiro exalam todos eles, esses servidores de ídolos!
    Porventura, meus irmãos, quereis sufocar nas exalações de seus focinhos e de suas cobiças? Quebrai, de preferência, os vidros das janelas e pulai para o ar livre!
    Fugi do mau cheiro! Fugi da idolatria dos supérfluos!
    Fugi do mau cheiro! Fugi da fumaça desses sacrifícios humanos!
    Também agora, ainda a terra está livre para as grandes almas. Vazios estão ainda para a solidão a um ou a dois, muitos sítios, em torno dos quais bafeja o cheiro de mares calmos.
    Ainda está livre, para as grandes almas, uma vida livre. Na verdade, quem pouco possui, tanto menos pode tornar-se possuído. Louvado seja a pequena pobreza!
    Onde cessa o Estado, somente ali começa o homem que não é supérfluo – ali começa o canto do necessário, essa melodia única e insubstituível.
    Onde o Estado cessa – olhai para ali, meus irmãos! Não vedes o arco-íris e as pontes do super-homem?
    (Assim falou Zaratustra...)

    Ta explicado... eu sempre admirei a filosofia verdadeira, e também não curto muito o que fazem dela hoje em dia, minha segunda facuildade será filosofia quem sabe um dia...

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