sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Casa vazia
Malas prontas outra vez, e o peito ainda cheio de saudade. Apago as luzes do que devia ser minha morada para o resto da vida, e deixo a porta se fechar lentamente como as gotas de chuva que caem no chão frio. Ainda lembro da casa ontem, das crianças correndo na sala, da avó que dormia vendo a novela, e do pai que chega cansado depois de um dia de trabalho. Me sinto um covarde deixando as lembranças de toda uma vida feliz, não tenho força para ficar. A água que escorre pelo telhado me impele a sair, me coloca para fora como se eu fosse o intruso na minha própria casa e eu aceito e não remendo os remendos, a única coisa que consigo fazer é ir embora, deixo a casa e saio sem nada, até a mala que arrumei não quero levar, deixo-a escondida num canto da casa, e agora só me resta fechar as portas.
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